RANICULTURA EM ALTA: Produção em estufas garante carne a R$ 48/kg, mas setor esbarra na falta de escala industrial

Uma análise sobre a viabilidade econômica da criação de rãs em pequenas propriedades rurais

Jorge da Mata

12/9/20252 min read

Em um cenário onde o agronegócio busca diversificação e máxima rentabilidade por metro quadrado, a ranicultura (criação de rãs) desponta como uma alternativa de alto valor agregado para pequenos produtores. Dados recentes do setor indicam que, com manejo tecnificado em estufas, o quilo da carne sai da propriedade custando entre R$ 45,00 e R$ 48,00. No entanto, a atividade enfrenta um paradoxo: apesar da alta demanda e do preço atrativo, a falta de uma cadeia industrial estruturada impede a expansão em larga escala.

O Modelo de Negócio: Eficiência em Espaço Reduzido

O diferencial da ranicultura reside na capacidade de gerar receita em áreas compactas. Propriedades com cerca de 8 mil metros quadrados, utilizando apenas 2.600 metros para o ranário, conseguem operar ciclos completos de engorda em aproximadamente seis meses.

O sistema produtivo exige rigor sanitário absoluto. O sucesso da operação depende de estufas climatizadas para manter o conforto térmico das matrizes e, principalmente, da qualidade da água, que deve ser renovada constantemente para evitar doenças e mortalidade. O manejo alimentar é intensivo, utilizando rações com até 40% de proteína nas fases finais de engorda.

Desafios Técnicos e Operacionais

Apesar do ciclo curto, a criação de rãs não permite amadorismo. Um dos principais gargalos técnicos é o canibalismo. Como o desenvolvimento dos animais é desigual, o produtor precisa realizar a triagem constante dos lotes: rãs maiores atacam e devoram as menores se mantidas no mesmo tanque, o que pode comprometer drasticamente o rendimento final do ranário.

O Gargalo Comercial: A Ausência da Indústria

Embora o produtor receba um valor considerável pelo quilo, o preço ao consumidor final pode atingir entre R$ 60,00 e R$ 70,00. Essa disparidade evidencia o peso da intermediação.

Segundo lideranças do setor, a ranicultura brasileira sofre com a ausência de frigoríficos especializados e processamento industrial dedicado. Sem uma rota clara de escoamento para grandes volumes, o produtor fica refém de vendas pontuais ou de intermediários, travando investimentos de longo prazo. Existe tecnologia e demanda, mas falta a integração entre campo e indústria para transformar a atividade em uma cadeia competitiva global.

Conclusão

Para o produtor rural, a rã representa uma oportunidade de "ouro" financeiro, mas exige dedicação integral ao manejo e planejamento comercial prévio. O lucro é real, mas a escalabilidade ainda é um desafio a ser superado pela organização do setor.